Acontece na vida de todos nós:
queremos o melhor para os nossos,
mas nem sempre podemos dar o nosso melhor;
amamos e, às vezes, precisamos que alguém demonstre esse amor por nós.
Neste espaço vamos trocar ideias sobre cuidados especiais - com idosos, enfermos, recém nascidos,
pacientes pós cirúrgicos, pessoas com deficiência, pacientes terminais, portadores de demência,
grávidas de alto risco...
Pois cuidar do outro é, antes de tudo,
a arte de exercer carinho e boa vontade.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Quedas de idosos já são caso de saúde pública no Brasil

Quedas de idosos já são caso de saúde pública no Brasil



Entre uma série de doenças que passaram a acometer o brasileiro com mais frequências nas últimas três décadas, com o aumento da expectativa de vida no país, um problema que ainda passa despercebido começa a chamar a atenção dos médicos: o número impressionante de idosos que são vítimas de quedas, e também o grande número de óbitos decorrentes dos problemas de saúde causados ou agravados pelos acidentes.
Em 2010, cerca de 363 mil brasileiros, de todas as idades, deram entrada em hospitais para tratar de ferimentos decorrentes desses acidentes. Em 12 anos (de 1998 a 2010), foram 4 milhões de internações. Desse total, quase a metade envolveu pessoas com mais de 60 anos. Desde que o Sistema Único de Saúde passou a contabilizar os dados sobre quedas, através do Data-SUS, em 1998, o número de internações tem aumentado em torno de 5% ao ano.
Mulheres, principalmente as de pele clara, precisam se prevenir mais
As mulheres são as grandes vítimas de quedas, e por consequência, das mortes decorrentes das fraturas. Isso porque são mais propensas a sofrer osteoporose - após a menopausa, os ossos perdem mais cálcio, já que os hormônios sexuais, que ajudam na absorção, diminuem na circulação -, e também porque elas são maioria entre os idosos (em média, vivem mais do que os homens). As que possuem pele e olhos claros são ainda mais vulneráveis, pois pessoas com tal biotipo têm ossos mais frágeis e mais dificuldades para absorver o cálcio. Neste caso, os médicos insistem que só caminhar não ajuda. É preciso exercitar os músculos, pois esses ajudam a proteger os ossos. Após a menopausa, perde-se 1% da massa muscular (fenômeno chamado de sarcopenia) a cada ano, o que exige trabalho muscular, sempre prescrito por um médico com o auxílio de um educador físico (VFP).
Cuidados
Veja como evitar as quedas em casa e no dia a dia:
• Evite usar tapetes que causem escorregões ou enrosquem nos pés
• Mantenha o piso seco
• Coloque antiderrapantes no piso e nas escadas. Prefira sapatos de solados aderentes
• Instale barras de segurança no banheiro para se apoiar enquanto usa o chuveiro ou vaso sanitário
• Não permita que animais fiquem no caminho
• Compre camas não muito baixas (que exijam a flexão do joelho acima de 90º para se sentar e levantar) nem muito altas
• Deixe luzes de segurança acesas e evite se movimentar no escuro
• Consuma alimentos ricos em cálcio e vitamina D, como leite, frutas e hortaliças
• Tome sol para fixar a vitamina D na pele
• Pratique exercícios. Para fortalecer e evitar a perda de massa muscular, faça musculação. Músculos fortes protegem o osso da osteoporose. Para melhorar o equilíbrio, faça pilates, tai-chi-chuan ou yoga
• Faça exames rotineiros para checar como está a hipertensão, o colesterol e a osteoporose, caso você tenha essas doenças, e tome os medicamentos receitados pelo médico
• Se necessitar de bengala ou andador, não hesite em usá-los
Fontes: Mark Deeke (Hospital Marcelino Champagnat) e Renato Raad (Hospital Nossa Senhora das Graças).
Causas
Entre a população mais jovem, caso de crianças, as quedas se dão por acidentes em casa, majoritariamente; dentre os adultos, por acidentes de trabalho ou na prática de esportes. Entre os idosos, o crescimento se dá à medida que o brasileiro envelhece – a terceira idade já representa 12% da população – e passa a ser acometido por doenças como osteoporose (perda de massa óssea), falta de equilíbrio, musculação fraca, articulações enrijecidas e baixa visão. Com isso vêm as fraturas, muitas vezes fatais.
De acordo com o ortopedista do Hospital Marcelino Champagnat Mark Deeke, esse é um fenômeno observado em vários países desenvolvidos, onde começam a ser feitas campanhas maciças de prevenção para diminuir os custos humanos e financeiros das quedas. “É um caso de saúde pública, que exige conscientização. Uma queda de um trabalhador de um telhado é algo grave, claro, mas é diferente, pois ele pode se recuperar. Com o idoso é diferente, pois o próprio envelhecimento consome a capacidade de recuperação.”
Entre as consequências mais delicadas estão as fraturas de quadril, que, embora respondam por 20% das fraturas, são responsáveis por 99% das mortes. “Após os 80 anos, 30% vão a óbito no primeiro ano, e o restante, até cinco anos após a queda que gerou a fratura”, explica o ortopedista do Hospital Nossa Senhora das Graças em Curitiba Renato Raad. As quedas nessa parte do corpo são, infelizmente, tão comuns, que se costuma dizer, no meio médico, “que viemos ao mundo pelo colo do útero e iremos embora dele pelo colo do fêmur”, afirma Raad.
Não é a queda que mata
Diferentemente do que se possa imaginar, não é a queda propriamente dita que causa o óbito do idoso – isso ocorre apenas em casos mais graves, quando há traumatismo craniano ou grande hemorragia, como na fratura da pelve. Os riscos são as doenças que surgem ou se agravam quando uma pessoa sofre uma fratura e fica muito tempo acamada, sem se movimentar. De acordo com o Ministério da Saúde, as quedas são responsáveis por 70% das mortes acidentais de pessoas com mais de 75 anos, e representam a sexta causa de óbito na terceira idade.
O ortopedista Renato Raad explica que, a partir dos 60 anos, o idoso costuma apresentar doenças que surgem com o passar dos anos, como diabete, sobrepeso, pressão alta, arritimia cardíaca, problemas nos rins e pulmões. Com a imobilização, essas doenças tendem a se agravar, já que o corpo fica debilitado, a alimentação piora, os músculos não trabalham e atrofiam.
“Se a pessoa fica com a perna imobilizada, o sangue não passa pela região e é comum haver a formação de trombos que, se não tratados, podem chegar ao pulmão e causar embolia pulmonar”, diz Raad. Por isso, é recomendado que, caso seja necessário, o idoso seja operado o mais rápido possível quando sofre uma fratura.
“O recomendado é que não demore mais de 48 horas. Além de aliviar a dor do paciente, que é grande, o objetivo é evitar complicações típicas de um corpo imobilizado, como tromboses e pneumonias”, afirma o ortopedista Mark Deeke.

Publicado por VANESSA FOGAÇA PRATEANO E PATRÍCIA PEREIRA (Jornal Gazeta do Povo).



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